segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sobre a primavera, um vestido azul, flores e laranjeiras


Era início de primavera quando dei por conta da presença dela, menina de vestido azul e fita de seda na cabeça, perambulando pelos arredores de minha casa. A energia positiva da mais bela estação do ano fazia brotar muitas flores em meu quintal. Ah! O doce aroma de primavera misturado àquele cheiro de terra molhada era uma dádiva, sem sombra de dúvidas. Mas nada se comparava a ela. Em algum momento no final da tarde, o Sol endireitava-se entra as colinas e eu a via surgir por entre as laranjeiras, cabelos ao vento e sorriso estampado no rosto. O prosseguir da história, bem, é um tanto quanto previsível: do primeiro “oi” ao primeiro beijo. Eu era jovem o bastante para cair de amores pela sua beleza física e espiritual, pela pureza de seu coração, coração de menina jovem, doce e ingênua, que me mostrou o amor e despertou em mim o zelo pelas flores. Era incrível o dom que ela tinha quando se tratava do cultivo destas. Ainda lembro-me do dia em que aparecera com os punhos fechados, guardando sementes de uma flor da qual o nome não me recordo. Ela me ensinara como adubar bem a terra e como regá-las. A primavera em seu auge e cores mil floresciam em meu quintal - as flores que plantávamos juntos. Os dias passavam despercebidamente e ao final da estação aconteceu o que eu tanto temia: por entre as laranjeiras nada mais surgiu, tal como aparecera ela desaparecera, assim de repente, silenciosa, sem deixar rastros. Levou consigo o meu amor. Posso lhes dizer que o que permaneceu foi o zelo pelas flores, uma em específico, a qual batizei com o nome dela. Prometi a mim mesmo que assim seria, de primavera a primavera. Nos meus sonhos eu a via surgir por entre as laranjeiras e ao acordar eu a esperaria. Estou até hoje a esperar.“O segredo não é correr atrás das borboletas e sim cuidar do meu quintal, para que venham à mim.”

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