As pessoas são como o espaço em sua infinita
complexidade: inatingíveis, surgem sem pedir licença, escondem mistérios que
vão além da racionalidade de quem as observa – sem a ciência do mundo de sonhos
e sentimentos que as preenchem. A magia metafórica que existe entre
esse chão que tocamos e o espaço que nos cerca, sempre me fez refletir sobre as
insignificâncias da vida, tão frágil e tão curta. Em meio aos devaneios
insistentes, um vem tomando meus pensamentos: a semelhança entre astros e
amores. Existiriam motivos óbvios por trás de meras coincidências?
Há amores que são como os
cometas: lembrados por suas datas e se duvidar, com precisão de horas, minutos
e segundos. São anunciados, aguardados, prestigiados por quem os contempla, tiram
longos suspiros e também lágrimas pesadas. Intensos, arrebatadores, te levam
aos extremos de entregar-se sem consentir, mudar sem pestanejar e amar sem
medir-se, pois aos olhos apaixonados o cometa é privilégio concedido, visita
bela que tem de ser vivida, sentida e saboreada. Amores cometas são, no
entanto, passageiros: duram minutos de magia e escondem-se por eras, fogem do
alcance da vista sem hora marcada, sem cerimônias ou despedidas fervorosas.
Resta-nos a certeza de que tantos outros virão.
Mas quando um cometa te fizer
perder as estribeiras, só um amor estrela preencherá o vazio deixado. As
estrelas estão sempre ali independente do fim das estações ou da translação
completa da Terra. Pairam imóveis no céu negro ainda que o dia tenha sido
conturbado ou a noite encoberta. Estrela não tem pressa de partir, está sempre
à espreita, calada e paciente enquanto demoramos a notá-la. Aquece nosso corpo
sem nada pedir em troca, tem a inteligência de uma vida milenar e cumplicidade
infinita com quem aprende a amá-la.
Numa dessas longas noites de
angústia, experimente assistir ao céu estrelado – show particular de luzes e magnitudes diretamente do quintal da sua casa. Talvez, apenas talvez, seu amor possa
estar perdido em meio a uma imensidão de astros.